segunda-feira, 23 de março de 2015

MP44, o primeiro fuzil de assalto do mundo

A Sturmgewehr 44 (StG44) foi a primeira arma explicitamente chamada de fuzil de assalto (Sturmgewehr). Entrou em serviço no Exército Alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, a arma era classificada como pistola-metralhadora (machinenpistole), recebendo a denominação MP44. As suas versões anteriores receberam as denominações MP43/1, MP43 e MKb42(H).
Em 1946 Mikhail Kalashnikov examinou uma StG44 capturada e usou funcionalidades chave do design na produção do fuzil de assalto AK-47.
A Sturmgewehr 44 tem origem na MKb42(H) - Machinenkarabiner 42 (Haenel), arma classificada como carabina-metralhadora, desenvolvida pela Alemanha Nazi nas etapas iniciais da Segunda Guerra Mundial.


No início da guerra, o exército Alemão considerava o fuzil como apenas uma arma de "suporte", sendo a arma primária da infantaria, a metralhadora. Num típico pelotão os soldados carregavam consideravelmente mais munições para a sua MG34 do que para seus próprios fuzis. Contudo a metralhadora provou ser demasiado grande para ser operada durante a batalha, significando que os soldados precisavam de usar seus fuzis enquanto avançavam. Enquanto isso, os defensores não tinham limitações no uso das suas metralhadoras devido a encontrarem-se em posições fixas.

Ao utilizar as suas tácticas blitzkrieg (guerra relâmpago) de rápida ofensiva, o Exército Alemão viu-se sem armas eficazes para um avanço rápido e para responder aos fuzis com maior cadência de tiro dos aliados. Por este motivo foi aumentado o uso de pistolas-metralhadoras como a MP28, a MP38 e a MP40, formando unidades conhecidas como tropas de assalto que podiam produzir um grande volume de fogo enquanto avançavam. No entanto, o uso de munições de pistolas fazia com que as pistolas-metralhadoras tivessem um alcance demasiado curto, tornando as tropas de assalto apenas eficazes em zonas urbanas.

O problema voltou a se notar mais uma vez durante a invasão da União Soviética. O Exército Vermelho tinha estado, anteriormente à invasão, a substituir seus velhos fuzis de repetição por rifles semi-automáticos mais sofisticadas. Números cada vez maiores de fuzis Tokarev SVT-38 e SVT-40 estavam sendo distribuídas às unidades do Exército Vermelho, quando a invasão teve início, embora estas armas mais avançadas estivessem restritas a unidades de elites e a oficiais, devido à sua baixa produção inicial. Além das Tokarev SVT-38 e SVT-40, as forças soviéticas estavam equipadas com pistolas-metralhadoras ainda mais avançadas que as alemãs, dando-lhes uma superioridade em poder de fogo. Além disso nas forças soviéticas, as pistolas-metralhadoras eram distribuídas numa escala maior que nas forças alemãs, com algumas das suas companhias de infantaria terem a totalidade dos seus elementos armados com as poderosas PPSh-41.

A experiência dos soviéticos com estes grandes volumes de armas automáticas obrigaram os comandantes alemães a reconsiderar as suas necessidades de armas. O Exército Alemão já tinha tentado introduzir a sua própria arma semi-automática, sendo a mais notável a Gewehr 41, mas estes fuzis revelaram problemas no campo de batalha e a sua produção era insuficiente para as necessidades alemãs.

Os alemães também verificaram que a maioria dos combates de infantaria ocorriam a uma distância inferior a 500 metros. Porém para a realização desse projeto, os alemães viram que teriam que fabricar um novo cartucho de potência reduzida. O resultado foi a munição 7,92 x 33 mm Kurtz (curto). Esse cartucho permitiu a criação de uma arma leve, de recuo reduzido, que pudesse disparar em modo automático por longos períodos de tempo sem a necessidade de efetuar nenhuma troca de cano. Assim estava aberto o caminho para a criação do StG44.

O StG 44 foi fabricado inicialmente pela empresan Walther e depois pela Mauser. No começo do seu projeto, Hitler foi contra a sua fabricação, porém os engenheiros alemães sabiam que tinham diante de si uma excelente arma, por isso desobedeceram ao Fuhrer e iniciaram sua produção com a sigla MP44 (MP era a sigla das pistolas-metralhadoras). Quando uma unidade de infantaria foi isolada na Frente Oriental, lhe foi lançado de pará-quedas um enorme suprimento de StG 44, e a unidade saiu abrindo caminho lutando até a frente principal. Isto carreou fama para a arma e logo se fizeram exigências para que ela fosse distribuída para todo exército. Perante isso, os projetistas tiveram que pedir novamente a autorização de Hitler para que a arma fosse produzida em massa. Desta vez, Hitler, com bastante entusiasmo concordou que a produção da arma fosse iniciada com prioridade absoluta em 1943, com a designação de MP43. A versão saída em 1944 recebeu a designação MP44. Hitler ficou tão impressionado com a MP44 que a batizou de "Sturmgewehr" (Fuzil de Assalto), sendo a mesma redesignada oficialmente de StG44.

Uma simples companhia armada com StG44 tinha um poder de fogo devastador sobre o inimigo, por isso essa arma tornou-se muito temida pela infantaria aliada que a enfrentava. A StG 44 foi muito usado nas estágios finais da guerra e principalmente na ofensiva de inverno de Hitler no setor das Ardennas.


A StG 44 é geralmente aceito como sendo o primeiro fuzil de assalto do mundo, e o seu efeito no desenho de armas de fogo no pós-guerra mostrou abrangente, tendo inclusive servido como base para a criação do AK-47 de Mikhail Kalashnikov e do M16 norte-americano.

Em agosto de 1945, o exército vermelho tinha montado 50 StG 44 das peças existentes do conjunto, e tinha começado a inspecionar seu projeto. 10.785 folhas de projetos técnicos foram confiscados pelos soviéticos como parte de sua pesquisa. Em outubro de 1945, Hugo Schmeisser foi forçado a trabalhar para o exército vermelho e instruído a continuar o desenvolvimento de armas novas. O talento de Schmeisser continuou a auxiliar a União Soviética, e, junto com outros desenhadores das armas e suas famílias, foi enviado para a URSS. Em 24 de Outubro de 1946, os especialistas alemães montaram um trem para Izhevsk nas montanhas do sul de Ural. Após a chegada de Hugo Schmeisser em Izhevsk, os sovietes começaram o desenvolvimento de armas novas e etapas da produção de AK-47.


Assista ao vídeo abaixo

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